PRÁTICAS

YOGA

A palavra yoga significa ‘união’ em sânscrito. É uma filosofia oriental com cerca de 5000 anos que foi documentada nos textos sagrados védicos por volta de 2000 a.C.. O yoga traz-nos para o momento presente e convida-nos a observar, sentir e ouvir o nosso corpo físico, mental e espiritual, no caminho de uma integração, união e equilíbrio perfeitos.

Com o entendimento de que um corpo físico forte e saudável é o instrumento para uma mente forte e um espírito claro, desenvolvemos uma prática com base na tradição clássica do hatha yoga.  Este sistema visa a transcendência da dualidade representadas pela energia do sol, ha e da energia da lua, tha. A prática apresenta uma sequência de técnicas que procuramos incluir:  shanti pathah –  mantra invocatório, nididhyasanam -tema de reflexão, satkarma – ações de purificação, asana – posturas físicas, bandha – activação de plexos e músculos, dristhis –  fixações do olhar, pranayama – técnicas respiratórias, yoganidra – relaxamento e dhyana – meditação.

A componente física é desenvolvida no estilo Vinyasa, aprofundado por Tirumalai Krishnamacharya, uma das figuras mais influentes do yoga no Ocidente, no século XX. A palavra deriva do sânscrito vi ( de uma forma especial ) e nyasa ( colocar ) e define uma prática onde existe a liberdade para criar as sequências e as transições entre as posturas. Os movimentos são sincronizados com a respiração, num fluxo contínuo, harmonioso e intenso. Coordenando as posturas físicas com a respiração, o corpo cede e expande-se numa meditação em movimento.

O yoga traz imensos benefícios a nível da saúde e bem-estar. Ganho de equilíbrio e estabilidade, força e flexibilidade, permitindo que o corpo se ajuste de acordo com as suas características. Consciência do ritmo respiratório; aumento da capacidade de concentração, resiliência, tolerância e inteligência emocional. Melhoria na capacidade de gestão do stress, trazendo maior generosidade, profundidade e qualidade à vida.

Assim, com regularidade e a atitude certa, o yoga permite profunda liberdade no caminho do autoconhecimento, levando à realização de que a felicidade e a plenitude que procuramos estão dentro de nós.

BREATHWORK

A nossa vida acontece entre duas respirações – a primeira inspiração e a última expiração. Sabia que respiramos cerca de 25.000 vezes por dia?

O corpo não tem recetores de oxigénio e por isso, a necessidade de respirar vem de altos níveis de dióxido de carbono no sangue, desencadeando um impulso para inspirar, ingerir mais oxigénio e restaurar a saúde do sistema. No entanto, a maioria de nós respira de forma tão superficial e ineficiente, que absorvemos apenas 20% da nossa capacidade pulmonar total. Menos 80% de oxigénio é igual a mais 80% de inflamação, o que leva a todos os tipos de problemas de saúde e bem-estar. A respiração superficial não nos permite acalmar o nosso sistema nervoso autónomo e a ansiedade e o stress assumem rápida e facilmente o controle.

 O oxigénio cura! Um corpo oxigenado é um corpo alcalino, e a alcalinidade torna muito difícil a tarefa das doenças ou do stress. Além disso, a respiração é uma das únicas funções do nosso sistema nervoso autónomo que podemos autorregular, atuando como a ponte que liga todos os nossos sistemas e funções corporais. Quando aprendemos a usar a respiração adequadamente, promovemos a integração e cura emocional, assim como o bem-estar físico e mental a um nível mais profundo. O trabalho respiratório apresenta várias técnicas e processos terapêuticos profundamente eficazes que enviam mais oxigénio para o nosso corpo a um nível celular, ativam a cura natural do corpo, promovem a autoexploração e a autoconsciência e oferecem um caminho para a transformação pessoal.

Entre as várias técnicas, utilizamos a respiração conectada com vários ritmos respiratórios, de forma contínua e consciente. Neste tipo de padrão de respiração circular não há pausas ou intervalos entre a inspiração e a expiração, de modo a ativar energia e movimento no nosso sistema biológico.

Quando respiramos deste modo durante um certo período de tempo e num ambiente seguro, estamos a enviar quantidades significativamente maiores de oxigénio para o nosso cérebro, aumentando também a sua circulação no nosso corpo. Esse sangue oxigenado ajuda a restaurar a nossa função cerebral, nutre os nossos órgãos, suporta a libertação de toxinas, aumenta os nossos níveis de energia e permite-nos aceder e libertar as emoções presas no nosso corpo.

Durante o processo, o nosso córtex pré-frontal (parte pensante do cérebro) é inicialmente ativado e depois fica ‘offline’, promovendo ‘insights’ e forte ligação à nossa criatividade e essência. Mente, corpo e espírito voltam ao seu estado natural de unidade e totalidade, sentimo-nos mais ancorados e conectados com a vida.

MITOLOGIA

Os hinos védicos dos antigos textos sagrados do Yoga, estão repletos de mitologia e simbolismo. Este era o meio através do qual os rishis ou sábios exprimiam a sua verdade espiritual mais profunda. O estudo da linguagem metafórica e simbólica destes textos reflete os vários aspetos do ensinamento e ajuda-nos na sua assimilação.

Com o advento do Hatha Yoga, no século X – XI, os asana ou as posturas físicas, foram ganhando progressiva relevância. No Goraksapaddhati, texto atribuído a Goraksa, criador do Hatha Yoga, é referido que ‘existem tantas posturas quanto seres vivos’.

Descobrir o significado da construção do nome dos asana traz força, entendimento e consciência à prática. Existem nomes que aludem diretamente a seres do reino animal e vegetal, a sábios yogins, deidades e antigos reis. Nomes que simbolizam valores, virtudes e qualidades. Outros ainda têm na sua origem uma história mitológica, que nos explica diferentes aspetos da realidade.

Também os mantras são vocalizados com maior profundidade quando percebemos o seu significado.

Nos nossos encontros, exploramos sempre um tema diferente que enriquece o presente do praticante, relevando a importância da tradição e da cultura hindu na doutrina do yoga.

SATSANGA

Satsanga é uma palavra que em sânscrito significa ‘encontro com a verdade’ ( sat = verdade, sanga = companhia, reunião ) e na tradição oriental significa o encontro com um mestre ‘iluminado’. Num satsanga, os presentes questionam aquele que ‘realizou a verdade’, que tem um conhecimento claro da sua natureza absoluta. Procuram esclarecer dúvidas no caminho do autoconhecimento, no entendimento de que a felicidade que buscam está dentro de si.

São momentos de partilha e interrogação, de leituras e meditações, de cânticos e de inspiração.

‘Quem Sou Eu’ é a pergunta primordial do ser humano. Viver de uma forma presente e consciente, com aceitação e gratidão, é o sentido.

Inspirado na tradição oriental e seguindo o tema do encontro, surge um momento de conversa informal em que os participantes são convidados a ponderar ideias e convicções estabelecidas e enraizadas. De uma forma aberta e descontraída, partilham-se vivências e opiniões, assimilam-se novas experiências, que podem resultar em reflexões profundas.

Uma mente clara é uma mente livre e plena.

MANTRAS

Os mantras cativam o Homem desde tempos imemoriais, não só pela beleza e vibração dos sons mas pelo significado das palavras e até por um certo mistério envolvente devido à linguagem simbólica que utilizam.

Mantra é uma palavra em sânscrito que significa ‘instrumento para pensar’, para ‘conduzir o pensamento’ ( man = pensar, tra = instrumento ) e que se refere a uma série de fórmulas sonoras, únicas e sagradas, que funcionam como temas de reflexão e como suporte para a meditação. Isto porque são uma das formas mais poderosas de acalmar e concentrar a mente. Vivemos sempre atentos ao que se passa à nossa volta, respondendo a estímulos, solicitações e exigências externas. Os mantras abrem-nos para o espaço interior, para o silêncio; ajudam-nos a manter a unidirecionalidade de pensamento e o foco; preparam o caminho para a meditação através da reflexão na sua simbologia, no seu significado e através da própria repetição do mantra.

A repetição, que recebe o nome de japa, é muito importante na condução a um estado de quietude cada vez mais profundo, permitindo aceder a outros aspetos da nossa consciência.

Existem várias formas de definir o mantra. Desde a mais ortodoxa que se refere aos versos, com uma métrica rigorosa, que aparecem no inicio e final dos Vedas, a outras mais livres. Existem mantras mais introspetivos e outros mais estimulantes. Nos nossos encontros, escolhemos fazer a repetição de uma fórmula breve em forma de cântico, um kirtan.  Os kirtan são usados em ambientes mais descontraídos e festivos, dando-nos a liberdade para criar a melodia, podendo ser usados instrumentos.

Quer seja uma sílaba, uma palavra ou uma frase… ao vocalizarmos juntos com a atitude certa, criamos um sentimento único de harmonia, paz e conexão.

DANCE FULNESS

A dança é uma expressão ancestral vivida por povos e tradições de todo o mundo. Feita inicialmente em grupo, estava ligada ao culto ritualista das forças da natureza e dos seres mágicos, ao sacrifício, à adoração e à celebração da vida. Desenrolava-se geralmente numa progressão de movimentos que podia culminar num momento de transe ou clímax, regressando depois a um estado atento e tranquilo.

Num mundo cheio de certezas e seguranças permanentes, o convite é para que a mente deixe de exercer o controlo e comecemos a habitar verdadeiramente o nosso corpo. De uma forma totalmente presente e consciente, despertamos numa espiral de movimento e pausa, alternando entre estados mais explosivos e meditativos. Trabalhamos a união e a conexão, respeitando os diferentes ritmos e formas de expressão. Assim, partilhando o mesmo momento, cada um faz o seu caminho, recebendo a experiência consoante o seu estado e necessidades.

A música vai guiar-nos numa viagem real e intensa em que nos deixamos invadir e levar pelas sensações. Passamos por um processo de sintonização do grupo, limpeza de pensamentos, manifestação e sublimação. O que controla é o nosso corpo energético, numa dança total e integral.

 Através do movimento, da respiração, da consciência, da integração e da harmonia despertamos o nosso corpo dançante, ativando o nosso ser mais profundo. Dança plena em que elevamos verdadeiramente a nossa vibração, num fluxo libertador e alquímico.

A prática promove saúde e vitalidade, melhorando o funcionamento dos nossos sistemas esquelético e muscular, circulatório e respiratório. Como qualquer atividade física intensa, liberta substâncias neurotransmissoras conhecidas como endorfinas, promovendo o bem-estar e o prazer de viver. Dançar em grupo estimula a criatividade, a confiança e a autoestima. Experimentamos uma sensação de limpeza energética e profunda conexão com o nosso corpo físico, mental e emocional. Reconhecemo-nos parte integrante de uma totalidade maior. E isso traz paz, liberdade e plenitude.